2 de setembro de 2009

Ídolos: Mafalda

Mafalda já é estátua
por Ariel Palacios, No Estadão



Mafalda, a irônica menina-filósofa que analisa a conjuntura mundial, saiu oficialmente da segunda dimensão do papel e tinta nanquim e passou para a terceira dimensão, transformando-se em uma escultura.
Isso ocorreu neste domingo, dia 30, quando as autoridades portenhas e o escultor Pablo Irrgang inauguraram a estátua de Mafalfa nas esquinas das ruas Defensa e Chile, no bairro portenho de Monserrat (rigorosamente é Montserrat, embora atravessando a rua, na calçada da frente já seja o bairro de San Telmo. Mas, como costuma acontecer – em muitas cidades em todo o planeta - uns bairros têm mais fama e panca que outros, e portanto, San Telmo expandiu-se mais além de suas fronteiras oficiais e abocanhou informalmente parte do mais sóbrio e low profile Monserrat).

Mafalda e Quino
A escultura mostra Mafalda sentada em um banco de praça, com leve sorriso, com ar de estar meditando sobre a vida.
Seu criador Joaquín Lavado, mais conhecido como "Quino", participou da cerimônia de inauguração. Ficou surpreso ao ver a espontaneidade da escultura. Mas, admitiu que ainda custa "bastante" ver uma Mafalda tridimensional.

A esquina das calles Chile e Defensa, a esquina mais 'mafaldiana' do planeta (e, obviamente, da Galáxia) ficou repleta de fãs, curiosos e amigos do desenhista.
Um dos discursos mais delirantes foi pronunciado pelo cartunista Carlos Garaycochea, que propôs que a efígie de Mafalda fosse estampada nas notas dos pesos argentinos.
Quino declinou a proposta, e disse que, se fosse o caso, a figura mais adequada para tal função era Manolito, o amiguinho capitalista-mirim de Mafalda - aspirante a Rockefeller portenho - cujo pai era o dono do armazén "Don Manolo". O tal do "Don Manolo vende baratíssimo!".


Segundo o escultor Pablo Irrgang a escultura de Mafalda é em tamanho ‘real’. A ideia é que posteriormente ela seja deslocada uns poucos metros, até ficar – definitivamente, na porta de seu prédio, na rua Chile, número 371. Isto é, o edíficio onde Mafalda mora. Ou melhor, o prédio onde Quino, seu pai, isto é, seu desenhista, morava quando começou a desenhá-la, nos anos 60.
A prefeitura de Buenos Aires, depois de vários anos de delongas e amnésia burocrática, finalmente colocou a placa que indica – tal como todo personagem histórico de destaque – que ali morou (ou mora?) Mafalda, a menina que odeia sopa, ama os Beatles, e que é ‘cult’ há décadas.
Mafalda foi publicada somente entre 1964 e 1973.

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