Em outras oportunidades, já afirmei que a pior derrota que sofri no esporte foi perder a final do futsal dos Jogos Abertos do Paraná, em 1987.
Pior por que jogamos muito melhor que o adversário, Palotina, e perdemos de um zero, com o gol mais estranho que vi.
Pior por que os jogos foram realizados aqui, em Campo Mourão.
Pior por que vi meu amigo e ídolo Carlão Tagliari ser hostilizado em algumas partidas por uma parte da torcida, que em todos os jogos lotava o Ginasião Belim Carolo.
Era uma pequena parte da torcida, mas, infelizmente, incomodava muito.
Naquele ano treinamos como nunca havíamos treinado. E era o Carlão, o mais experiente do grupo, quem puxava a fila dos treinos e motivava todos nós.
Nos Jogos, apesar de muito bem preparados fisicamente, não jogávamos um bom futsal e passamos pelas duas primeiras fases aos trancos e barrancos. Exatamente nestas fases foi que torcedores mais exigentes exageraram e hostilizaram verbalmente ao Carlão.
Era inexplicável como todos nós rendíamos muito pouco, mesmo jogando contra equipes mais fracas. E a torcida não queria nem saber e pegava muito no pé do Carlão, que rendia tanto quanto nós, mas tinha contra ele o fato de ser o mais veterano e ser irmão do nosso técnico, Itamar.
Alguns torcedores mais conscientes chegaram a fazer faixas apoiando a equipe e ao Carlão. Aquilo serviu como doping para nós. Fizemos um bom jogo na semifinal contra Ponta Grossa e na final contra os palotinenses fizemos a nossa melhor apresentação, mas acabamos derrotados (nossa única derrota nos jogos).
Seria ótimo se tivéssemos conquistado o título. Teria sido emocionante ver o Carlão receber a medalha de ouro no último campeonato em que ele representou nosso município.
No ano seguinte, 1988, fomos campeões dos Jap´s, em Guarapuava, com direito a uma goleada de seis a zero sobre Palotina. Carlão não estava lá, mas sabe muito bem que aquela conquista também foi dele.
Publicada no semanário "Entre Rios", em 2006