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18 de maio de 2015

Bob Marley: os 70 anos do ídolo do reggae

Relembre a carreira do rei do reggae e entenda como ele se tornou o porta-voz oficial da mensagem de paz e amor da filosofia rastafári

Não se pensa em reggae sem pensar em Bob Marley. No dia 6 de fevereiro desse ano ele completaria 70 anos, mas nesse tempo todo não surgiu outro artista que tomasse seu posto de sinônimo do gênero e grande divulgador da cultura rastafári.

Nascido em 1945, na Jamaica, Marley começou na carreira aos 14 anos, quando saiu da escola e passou a fazer música ao lado de um cantor local, Joe Higgs. Foi nesse período que conheceu Peter Tosh, que mais tarde seria seu parceiro no grupo Bob Marley & The Wailers.

Em 1966, casou-se com Rita, sua companheira ao longo de toda a vida e com quem teve cinco filhos, três biológicos e dois que eram dela, mas foram adotados por ele. Até hoje há controvérsias a respeito do tamanho exato da prole de Bob, que conta também com frutos de relacionamentos dele com outras mulheres. Foram reconhecidos como seus, oficialmente, 11 filhos, ao todo.

Dentre seus rebentos, os que talvez sejam mais conhecidos do público são Ziggy e Damian, que seguiram os passos do pai e investiram na carreira de musical, fazendo reggae.

Bob morreu aos 36 anos, em 11 de maio de 1981, vítima de câncer, em um hospital de Miami, nos Estados Unidos. Deixou em seu legado histórico 13 discos de estúdio (um lançado após sua morte) ao lado do Wailers e muitos sucessos cantados de cor e com facilidade por pessoas ao redor do mundo, como "No Woman, No Cry", "Redemption Song", "Jamming", "I Shot the Sheriff" e "Is This Love".


Em 1976, Bob Marley, o porta-voz oficial da mensagem de paz e amor da filosofia rastafári, estava prestes a deixar os domínios da Jamaica para tomar o mundo com a batida contagiante do reggae. Havia ainda, porém, muitas outras barreiras que precisavam ser vencidas

A primeira vez que me deparei com um número significativo de rastafáris e senti todo o impacto de suas selvagens e assustadoras cabeleiras - os dreadlocks - foi nos estúdios de Tommy Cowan, em um prédio com parede de reboco e cercado por barracos na área norte de Kingston, Jamaica. Seis ou sete rastas e três convidados brancos se amontoavam em uma sala cheia de fumaça de maconha, ouvindo o novo single "Babylon Queendom", do ex-guitarrista do Wailers, Peter Tosh.

Tosh apareceu no estúdio vestindo uma camiseta escrito "Legalize It" (um item promocional de sua música de mesmo nome - banida das rádios, mas disponível nos guetos em qualquer camelô), com seus dreads revoltos e cannabis o suficiente em seu cachimbo estilo Sherlock Holmes para garantir uma sentença capaz de mantê-lo na prisão até o dia em que a Babilônia resolvesse finalmente cair. Em suma: um rasta até os ossos.

No meio dos anos 1960, Tosh, Bob Marley e Bunny Livingstone formaram o grupo mais popular da ilha no gueto de Trench Town, quando ainda se chamavam Wailing Rudeboys. No estúdio, Tosh conversava com Gregg Russell, um jovem calado com um dread espetado saltando bem do meio da testa, como o chifre de um rinoceronte. Como muitos rastas que fumam a erva como se fosse sagrada, Russell parecia estar em um estado de coma.

O único que parecia "menos rasta" ali era Tommy Cowan, um produtor grandalhão cujos dreadlocks relativamente arrumados não pareciam exatamente corretos, por assim dizer. Até Cowan jogar o punho para o ar junto com os outros e dizer "Jah Rastafar-I" com o mesmo fervor legítimo com que Tosh cantou "Babylon Queendom, take back your dollahs!" ("Reino da Babilônia, pegue seus dólares de volta!").

Considerando que esses mesmos rastas estavam comprometendo seus princípios separatistas pelos desprezados dólares da Babilônia ao consentirem, mesmo que relutantemente, com esse experimento de choque cultural e publicidade (que passei a chamar de "Esverdeamento dos Rastafáris"), a frase parece irônica. Mas, quando mencionei isso a Tosh, ele pacientemente me explicou que o dinheiro da Babilônia não passava de mero papel, que se tornaria inútil quando o reino caísse.

"A César o que é de César, cara, e pra mim o que é meu", diz ele, satisfeito por ter se saído com a frase exata. "Que eles fiquem com o maldito dinheiro de papel, cara. Papel tão barato que não serve nem pra enrolar um baseado!" A maconha nunca foi legalizada na Jamaica, mas ninguém no país se importava muito com os rastas e seu fumo até rumores de "um culto à violência" desencadearem uma campanha de ameaças da polícia que permanece até hoje.

"Então disseram que o nosso povo era violento", continua Tosh. "Mas eles ignoram quando um deles bate seu carro em um ônibus de escola e mata as crianças dentro dele. Eles acham que é a gente que mata, mas são eles quem matam na loucura da bebedeira! É, cara! O nosso povo não mata... ele só afia a lâmina, afia e pule enquanto pensa na vingança... então ele fuma outro baseado e se sente bem e dorme e esquece de cometer o crime!"

Então um novo rosto apareceu na porta, inspirando o ar com falsa suspeita: "Nossa, cara, que cheiro é esse?"

Os outros do lado de fora deviam estar esperando a piada interna de hippies sobre o ar permeado de maconha na sala, até que o outro responde:

"Cara, tem cheiro de Am-ur-i-ca aqui!"

Somente depois que me dei conta de que os rastas e sua música existem sob uma pesada sensação de anestesia e que a violência do reggae (como tudo o mais na Jamaica, do serviço de quarto às entrevistas com Bob Marley) parece estar na base do estar por vir é que pude entender como tanta revolta social podia coexistir com o ritmo sincopado do reggae. A disparidade pareceu ainda mais perturbadora quando cheguei à Babilônia e vi pela primeira vez do que se tratava toda essa revolta amortecida e amordaçada.

"É aqui que chamam de Trench Town?", perguntei ao motorista de táxi, botando a cabeça na janela para ver a infinita profusão de barracos. "Nããão, cara", respondeu ele, desviando de um bode. "Trench Town é lugar ruim. É no gueto."


Infelizmente, não consegui notar a diferença. Porque nem mesmo os protestos mais estridentes de Marley, Tosh e outros cantores de reggae, ou mesmo o filme cult do gênero, Balada Sangrenta (The Harder They Come, de 1972, estrelado por Jimmy Cliff), me prepararam para a miséria absoluta que vi ao longo daqueles caminhos estreitos, onde negros caribenhos mal encarados permaneciam parados nas esquinas de Catfish Row, do lado de fora de espeluncas com anúncios de cerveja descascados pendurados nas fachadas. Nada que eu havia visto antes fazia justiça ao lugar. Percebi isso observando a grande quantidade de crianças vestidas com menos que trapos, os bracinhos aracnídeos e as barrigas inchadas, se amontoando nos abrigos, vendo todas as minhas preconcepções de turista serem destruídas por aquela rua de amarguras.


Então, meu ânimo voltou momentaneamente quando vi o primeiro rastafári de verdade passar veloz em uma moto, os dreads esvoaçantes. Meu motorista achou o espetáculo bem menos excitante. "Bloodcot!", cuspiu (uma ofensa segregária relacionada à menstruação - provavelmente a pior coisa que pode ser dita a alguém na Jamaica). "Como o inseto que ataca a plantação, esses bloodcots com seus dreadlocks são uma praga pra esta ilha... não, cara, eles não são devotos de verdade, que deixam os dreads crescer por motivos puramente religiosos, como eles dizem que são. São bandidos que usam dreads para causar medo nas pessoas. Meu conselho para você é que fique longe desses malditos bloodcots, que se dizem rastas, cara. Esses assassinos racistas que atacam os turistas e as pessoas."

Lembrei-me da advertência dele algumas noites depois, quando um cara chamado "Killy", que toca conga no grupo The Sons of Negus, veio pegar a mim e alguns outros "filhos da Babilônia" para uma celebração religiosa rasta conhecida como Grounation.


A Grounation acontece em Olympic Gardens, um subúrbio composto de favelas e prédios decrépitos não muito longe de Trench Town, com fogueiras, gritarias e cachorros latindo. O cheiro de suor e ganja podia ser sentido em todo lugar, enquanto o povo circulava pelas sujas vielas entre os barracos e desembocava em um salão pentecostal não muito maior que os outros em volta.

A sala estava abarrotada de gente, e a cena toda parecia algo saído de uma alucinação vudu. Eles dançavam, fantasmas fluidos sob a luz de uma única vela queimando sobre um altar improvisado e ao lado de uma Bíblia castigada pelo tempo. Killy tomou seu lugar ao lado de outros músicos, que já batucavam. Eles acompanhavam o veterano cantor de reggae Ras Michael, um homem barbudo e com cara de bode, que suava em profusão vestido em um suéter grosso enquanto cantava uma música chamada "In Zion". Era o tipo mais básico e não comercial de reggae - sem adornos, em estado bruto. O fervor religioso alcançou o auge quando Michael começou "Old Marcus Garvey" - canção que fez sucesso através de um outro artista local, Burning Spear.

De repente, vários soldados apareceram na entrada do lugar. Mesmo assim, os baseados e a música continuaram rolando, enquanto Ras Michael apontava sua canção para os intrusos como se fosse uma lança. Com a cara azeda típica dos estraga-prazeres, os oficiais pareciam se desfazer em meio às sombras do lado de fora, como espíritos banidos pelo desprezo coletivo ou pelo talismã de um feiticeiro tribal.

A batida dos tambores se elevou triunfante e as pessoas se ergueram dos bancos toscos, os pés descalços batendo ritmados no chão descalço. Mulheres de rosto redondo, com baseados iluminando seu sorriso de dentes dourados, balançavam os quadris em perfeita ondulação, enquanto velhos rastamen, barbudos e rabínicos (os dreadlocks brancos ainda cheios de energia) executavam coreografias cheias de malícia e crianças com idade suficiente sequer para andar saltitavam ao redor dos pés do músico em ritmo perfeito de reggae. Enquanto isso, um bando de garotos dava risinhos enquanto olhava pela janela um fotógrafo branco dançando em espasmos, como alguém vítima dos efeitos do ácido.

"A música nativa tem uma magia poderosa, cara, que expulsa os exércitos da Babilônia e os deixa com vergonha de ter invadido nossos limites", Michael explicou, enquanto tomávamos a sopa do ritual, feita de bode e ervas aromáticas dentro de um caldeirão negro. "Por que os soldados vêm aqui? Pra que vir onde a gente é pacífica e toca para louvar a Jah? Eles se sentem idiotas e envergonhados por vir até o território rasta perturbar a pacífica Grounation..."


Quando nos encontramos pela primeira vez, Bob Marley estava sentado em uma das janelas do andar de cima de sua casa em Hope Road fumando um inevitável baseado e observando interessado a copa das árvores tropicais, imerso na meditação da erva. De fato, Marley estava tão chapado que seria possível observá-lo por um bom tempo até que ele percebesse que tinha companhia.

Na chegada, a primeira coisa que se percebe é o BMW cinza-prateado estacionado. A segunda é que a casa está só parcialmente pintada - como se os pintores, ao fazerem um intervalo para fumar um, tivessem ficado tão fascinados em como o tom quase psicodélico do rosa-choque refletia a luz do próprio Jah que se esqueceram de terminar o serviço.

Hope Road é uma rua relativamente próspera de casas classe média que ficam a um passo de distância de algumas das piores favelas do mundo ocidental. Hope House, cercada por um enorme e descuidado quintal de gramas altas e dotada de várias casas menores nos fundos (uma delas atualmente sendo convertida em estúdio), ainda tem ares de palácio para os padrões locais. O lugar tem a combinação de rebeldia justificada e esplendor real de popstar, mas as paredes das salas quase sem mobília apresentam a rispidez do cáqui, tons viscerais de rubro e o mostarda do nacionalismo negro.

Parece claro que Marley nos viu chegando. Enquanto está lá sentado, parecendo com Che Guevara (seus celebrados dreads abrigados dentro de uma boina tamanho família), quem olha de fora só pode tentar imaginar que tipos de assuntos importantes o preocupam no momento. Agora que até a revista Time o reconhece como "uma força política capaz de rivalizar o governo", talvez esteja considerando a não tão remota possibilidade de atacar a central do governo geral, situado a menos de 1 milha de Hope Road. Isso pelo menos justificaria o silêncio intenso que paira sobre a casa, fazendo com que pareça um acampamento guerrilheiro. Dado o caráter único de sua posição, entretanto, pode ser que esteja calculando o efeito que as próximas eleições parlamentares em Kingston podem ter sobre as vendas de seu último single, uma declaração política chamada "Rat Race".

Independentemente de qual hipótese é a mais correta, Marley franze o cenho como um general cujas meditações vitais foram interrompidas quando percebe três mercenários brancos da Babilônia parados à sua porta. Ele desce e nos guia até o quintal, onde havia concordado em posar - provocante como qualquer estrela de primeira grandeza - se esticando sobre o capô de seu BMW. Talvez esse ar orgulhoso e imperialista tenha sido herdado de seu pai, que dizem ter sido um oficial branco das forças britânicas.

Qualquer um que se atreva a questionar por que o herói de uma cultura justificadamente rebelde e não materialista tem um carro como aquele recebe em troca uma pérola da lógica rasta: BMW é a abreviação de "Bob Marley and the Wailers". E por que se submeter a tantas sessões de fotos? "Vou te falar", diz Marley, "se os discos venderem na mesma quantidade das fotos - ótimo! Já tiraram mais de dois milhões!"

Não que isso signifique que Marley deu para trás em suas convicções ou algo assim. Stu Weintraub, agente norte-americano de Marley e responsável por sua agenda de shows, me contou que houve muita negociação até que ele e sua banda resolvessem tocar nos Estados Unidos.

"A cada duas semanas, um emissário vinha da Jamaica para me dizer que o negócio estava confirmado ou cancelado de novo. As conversas demoraram tanto que quando finalmente encontrei Bob, quando ele apareceu em meu escritório em Nova York, eu disse: 'Então você é de verdade mesmo! Já estava começando a ter minhas dúvidas!'"

Logo de cara, Weintraub se recusou a colocar Bob Marley and The Wailers como banda de abertura - mesmo que fosse para os Rolling Stones, que ofereceram a oportunidade de ouro para expandir o culto ao jamaicano quando pediram que o Bob abrisse os shows do grupo em sua última turnê. "É claro que eu fiquei com aquilo na cabeça. Como alguém recusa uma chance dessas e não fica pensando a respeito? Mas eu sentia que, embora pouca gente conhecesse Bob Marley no momento, ele já estava no caminho para o estrelato... e estrelas não abrem shows, são a atração principal."

Weintraub disse que se convenceu de que estava certo o tempo todo quando o público da turnê americana mais recente ultrapassou suas próprias expectativas.

"Poderíamos facilmente ter lotado estádios enormes, do porte do Madison Square Garden", ele conta. "Mas, em vez disso, preferi colocá-lo em lugares de porte médio, em shows mais intimistas, onde ele pudesse ser visto exatamente como é - um homem profundamente religioso espalhando uma mensagem profundamente religiosa."

O próprio Marley lhe dirá que aceita as invasões de privacidade dos repórteres estrangeiros muito mais para espalhar a palavra rastafári do que por ganho pessoal.

"A maior parte do tempo só vejo meus irmãos, minha família", diz ele fazendo um gesto amplo com o braço, como se tentando abraçar a família à sua volta, seu filho de 5 anos Robbie, brincando com um carrinho no quintal, e uma linda morena fumando um baseado como se fosse um cigarro slim, olhando pensativa pela janela onde vimos Marley pela primeira vez.

"A maior parte do tempo não vejo ninguém além deles, e só fico aqui com minha música e meditação, cara. Mas às vezes gosto de falar com os escribas porque eles são meio lerdos pra entender a mensagem, cara. Às vezes é bom falar, porque dá uma clareada no ar... entende?"

Embora a comunicação seja difícil por causa de seu forte sotaque e piore ainda mais graças ao uso de expressões exóticas do rastafári como "I and I" (literalmente "eu e eu", que pode ser confundida com "me and mine" ou "me myself and I", até que alguém informa o desavisado que a frase quer dizer "you and I" ou toda "eumanidade"), Marley parece muito interessado em expor sua mensagem por trás de sua música.

"A única coisa de que não gosto é quando entendem errado a mensagem, cara", Bob declara, deitando sobre o capô da BMW enquanto bate a cinza de um baseado do tamanho de um charuto.

"Tenho que rir quando dizem ou escrevem que sou como Mick Jagger ou algum outro superstar do tipo... Eles têm que ouvir melhor a música porque a mensagem não é a mesma... Não, cara, o reggae não é o twist!"

A ideia de que alguém poderia possivelmente confundir Jagger e Marley parece ao mesmo tempo irritá-lo e diverti-lo, o que faz sentido; porque a mensagem do reggae roots é um grito raivoso que passa muito longe da futilidade do som de Chubby Checker e outros. Mas também é verdade que as origens dessa híbrida música do gueto têm muito a ver com certas incongruências deliciosas do pop, como James Brown uivando das caixas de som colocadas no alto das palmeiras. É um processo semelhante ao que os ritmos africanos e uma miríade de seitas fanáticas fundamentalistas sofreram ao receberem influências de fontes tão díspares quanto o cristianismo e o vudu. Bob já absorvia elementos do mainstream quando criou, em seu terceiro LP lançado nos Estados Unidos, um herói popular chamado "Natty Dread". Além disso, sua mãe jamaicana se naturalizou norte-americana e tem uma loja de discos em Wilmington (Delaware). É dito que o próprio Bob passou dois anos lá com ela, trabalhando na linha de montagem da Chrysler, antes de voltar para sua ilha no fim dos anos 60, para fugir da convocação para a Guerra do Vietnã.

Quando menciono esse período, Marley resmunga sobre como "tudo é rápido demais e as pessoas têm trabalho demais e muita preocupação" nos Estados Unidos. E, quando peço para confirmar dados mais específicos, seu sotaque se torna tão forte e enrolado que chega a soar como outro idioma. Como último recurso, ele evoca o privilégio inalienável de todo rasta de respeito e retorna ao seu estado de semicoma, olhando vagamente para o vazio e transcendendo completamente além da minha presença. A relutância de Marley em discutir o tempo que passou em Wilmington parece tão lógica quanto a de Bob Dylan em discutir seu período escolar em Minnesota.

O mito precisa ser protegido, principalmente agora que alguns puristas do reggae têm reclamado que seu último LP lançado na América, Rastaman Vibration, parece notadamente menos roots e talvez com uma pitada um tanto forte demais de rock. Mas, de acordo com o pessoal da Island Records, as vendas vão bem e já superaram a dos três discos anteriores juntas. E Bob continua subindo nas paradas, impulsionado por sua turnê mais recente. Muitos desses detratores ainda não parecem preparados para relegar Bob Marley ao limbo comercial em que Jimmy Cliff, o primeiro cantor de reggae a se tornar conhecido nos Estados Unidos, foi arremessado. Mas os críticos agora apontam para Burning Spear, um cantor calcado nos cantos africanos, como a opção para quem quer ouvir reggae roots de verdade em sua forma mais rude e crua.

Como os puristas do folk, que chamaram Bob Dylan de vendido quando o cantor passou a tocar guitarra, esses críticos ignoram o fato de que Marley, assim como Dylan, transcendeu o gênero de sua música - de que ele talvez tenha até transcendido o conceito de roots. Basta vê-lo no palco, dançando sem parar, os dreadlocks rodando, para perceber que se trata de uma estrela do rock.

Ainda assim, Marley parece genuinamente comprometido com sua fé, e, quando fala sobre a peregrinação que pretende fazer até a Etiópia, fica claro que seu coração pertence mesmo a essa Meca mítica. "Meu sonho, cara, e de todo rastaman, é voar para a Etiópia e deixar a Babilônia, onde os políticos não deixam os meus irmãos serem livres e viverem do modo que é seu por direito. Por isso vou comprar terras por lá para viver com minha família, cara. Porque a Babilônia precisa cair. Tanta maldade precisa acabar, mas quando? Eu e meus irmãos não queremos esperar mais, porque Jah nos diz pra voltar pra casa, pra nossa Etiópia e deixar que a Babilônia pereça sob seu próprio mal, cara. Não sei por que... mas é assim que tem que ser." Considerando que fica difícil para alguém de fora discutir a lógica "preto-no-branco" da doutrina rasta, ficamos ponderando em silêncio solene sobre o que foi dito, olhando o sol se pôr no quintal, onde vários irmãos de Marley permaneciam parados em um estado enervante de animação suspensa. E enquanto Marley parece ter feito as pazes com a contradição que representa ser o reverenciado porta-voz de uma seita religiosa nativa jamaicana e um produto vendido nas fervilhantes arenas do mundo, os membros da extensão de sua família, silenciosos e cheios de desprezo, com seus impenetráveis olhos amendoados, começam a parecer menos hospitaleiros. Talvez eles não queiram espantar ninguém - afinal, Bob é o passaporte de todos para a terra prometida e sua vontade é claramente a lei maior por aqui.

Então, Bob se anima por um instante: "Vai levar anos, cara, e talvez algum derramamento de sangue, mas a bondade e a justiça vão prevalecer. Eu sei, cara, porque quando toco fora da Jamaica, por todo o mundo, vejo irmãos de dreadlocks em todo lugar... Crescendo fortes como a erva no campo... É, cara, me alegra o coração ver os dreadlocks em todo lugar. É o futuro, cara".

Ele não acredita que o fato de algum garoto resolver usar dreads para imitar o ídolo Bob Marley e não para seguir os preceitos da religião rastafári possa comprometer sua mensagem e transformar sua fé em um tipo de moda passageira ("como o twist").

"É bom, cara", insiste. "Porque é um começo. Primeiro eles deixam dreads crescerem e logo estarão entendendo a mensagem."

Quando o lembro de como os hippies acharam que bastava deixar o cabelo crescer e fumar maconha para mudar o mundo, e que hoje em dia é normal ver policiais de cabelo comprido, Bob insiste que a analogia não se aplica.


"Você nunca vai ver um policial de dread, cara", diz ele, incomodado com a simples menção da ideia.

"É o que eu digo na minha música nova, 'Rat Race': 'Rastaman não trabalha pra CIA'... Nunca vai acontecer, cara, porque os rastamen não são como os hippies. Eles resistem faz tempo, e os hippies não resistiram. Eles deviam ter aguentado mais cinco anos, até nós aparecermos. E aí os hippies seriam rastamen também! Cara, olha você: tem barba e seu cabelo parece dread!"

É, o homem não deixa de ter senso de humor.

Mas a simpatia de Bob Marley vai embora quando um fotógrafo pede que ele pose em outra parte do quintal, onde ainda há um pouco de luz natural. Ele se recusa, seco, dizendo que se querem que ele vá para outro lugar, que voltem outro dia. Ao mesmo tempo que seu ultimato parece menos um capricho de prima-dona e mais um sintoma honesto de preguiça, acaba servindo para aumentar ainda mais a tensão do momento, enquanto a sombra dos dreadlocks de seus companheiros se alonga pela grama, fazendo com que a distância entre nós pareça tão vasta quanto a Etiópia. [ Rolling Stones ]

12 de fevereiro de 2015

Garoto fatura US$ 1,3 milhão por ano com canal no YouTube


Evan é um garoto de 9 anos que fatura cerca de US$ 1,3 milhão por ano (R$ 3,6 milhões) com vídeos no YouTube. Seu canal, o EvanTubeHD, já tem mais de 1,1 milhão de assinantes e traz semanalmente reviews de seus games e brinquedos favoritos.

Os vídeos começaram em 2011, quando o pai do menino passou a criar stop motions utilizando os personagens do desenho Angry Birds. A técnica de animação utiliza diversas fotos, quadro a quadro, para criar um pequeno filme. Evan pediu ao pai para publicar os trabalhos no YouTube. “Quando começamos, fazíamos um vídeo por mês, como um pequeno projeto divertido. Mas somente quando um dos vídeos atingiu 1 milhão de visualizações começamos a perceber a proporção que isso havia tomado”, conta o pai, conhecido no canal como Daddy Tube.

O garoto começou a receber pedidos para abrir e comentar sobre brinquedos enviados pelas fabricantes e se tornou um sucesso. Jillian, a irmã de Evan, também começou a participar dos vídeos, realizando resenhas e testando alguns produtos. Em 4 anos, o EvanTubeHD é um dos canais mais assistidos da plataforma, soma mais de 1 bilhão de views, conta com uma equipe de marketing que vende anúncios e fatura cerca de R$ 3,6 milhões a cada ano. O pai garante que todo o dinheiro recebido é depositado em uma poupança para os filhos.

Os negócios da família não param de crescer: nos últimos  2 anos foram lançados outros dois canais: EvanTubeGaming, voltado especificamente para novos lançamentos de videogames e EvanTubeRaw, que mostra um resumo das atividades diárias do garoto.

Veja um dos vídeos de Evan: 

1 de dezembro de 2014

Historiadores traduzem única autobiografia de ex-escravo que viveu no Brasil

Mahommah Gardo Baquaqua, nascido no Norte da África no início do século XIX, trabalhou no país antes de fugir em Nova York

Do: O Globo


Que aqueles ‘indivíduos humanitários’ que são a favor da escravidão se coloquem no lugar do escravo no porão barulhento de um navio negreiro, apenas por uma viagem da África à América, sem sequer experimentar mais que isso dos horrores da escravidão: se não saírem abolicionistas convictos, então não tenho mais nada a dizer a favor da abolição.”

As palavras são de Mahommah Gardo Baquaqua, ex-escravo nascido no Norte da África no início do século XIX e que trabalhou no Brasil antes de fugir das amarras da servidão em Nova York, em 1847. O trecho consta do livro “An interesting narrative. Biography of Mahommah G. Baquaqua” (“Uma interessante narrativa: biografia de Mahommah G. Baquaqua”, em tradução livre), lançado assim mesmo, em inglês, pelo próprio ex-escravo, em Detroit, no ano de 1854, em plena campanha abolicionista nos EUA. A obra jamais foi traduzida para o português, permanecendo desconhecida do público brasileiro.


No entanto, com apoio do Ministério da Cultura e do Consulado do Canadá, o professor pernambucano Bruno Véras, de 26 anos, resolveu se debruçar sobre o documento, ajudado por outros dois pesquisadores. Ele viajou ao Canadá, onde buscou vestígios de Baquaqua e consultou os originais do livro, cuja primeira edição em português deve ser lançada no Brasil até o fim do ano que vem.

– Baquaqua sempre foi um personagem que me intrigou. Ele escreveu a única autobiografia de um africano escravizado em terras brasileiras. Nos EUA e na Inglaterra existem vários desses relatos, que tinham uma função abolicionista. No Brasil, só um. E, apesar disso, Baquaqua não é conhecido em nossa História nem em nossos livros didáticos – conta Véras.

Os historiadores Paul Lovejoy e Robin Law, por exemplo, republicaram o livro nos anos 2000, ainda no idioma de Shakespeare. Segundo consta dos registros da edição original, parte da obra foi ditada para o escritor Samuel Moore, responsável também por editar a história do escravo.

DUAS VEZES ESCRAVIZADO

A trajetória extraordinária desse personagem começa nos anos 1820, em Dijougou, onde hoje é o Norte do Benim. Filho de um proeminente comerciante, o pequeno Mahommah Baquaqua estudou em uma escola islâmica para ter acesso ao Corão, adquirindo conhecimentos de leitura e de matemática. Suas habilidades logo lhe permitiram atuar em importantes rotas comerciais que ligavam o então califado de Socoto e o extinto Império Ashanti, que rivalizavam no tráfico de escravos e no domínio de regiões da África Ocidental.

Baquaqua foi preso e feito escravo pelos Ashanti enquanto vendia grãos, noz de cola e outras especiarias para o front de guerra. Mesmo sendo recomprado e libertado pelo seu irmão, acabou novamente detido pouco tempo depois por tentar roubar e ingerir bebida alcoólica perto de Dijougou, algo próximo a um pecado capital para uma localidade dominada pelo Islã.

Baquaqua não pôde contar com a sorte daquela vez. Novamente escravizado, foi levado para a cidade litorânea de Uidá, importante porto de onde saía grade parte dos cativos destinados ao Novo Mundo. É a partir desse ponto que a autobiografia ganha seus contornos mais emocionantes:

“Quando estávamos prontos para embarcar (para as Américas), fomos acorrentados uns aos outros e amarrados com cordas pelo pescoço e, assim, arrastados para a beira-mar. Uma espécie de festa foi realizada em terra firme naquele dia. Não estava ciente de que essa seria minha última festa na África. Feliz de mim que não sabia”, escreveu o escravo.

Se, antes, os brasileiros tinham conhecimento do ambiente de um navio negreiro por meio das descrições de historiadores ou de famosos poemas como o de Castro Alves, agora poderão ter um relato vivo de uma testemunha de um dos piores capítulos da História da humanidade:

“Fomos arremessados, nus, porão adentro, os homens apinhados de um lado, e as mulheres de outro. O porão era tão baixo que não podíamos ficar de pé, éramos obrigados a nos agachar ou nos sentar no chão. Noite e dia eram iguais para nós, o sono nos sendo negado devido ao confinamento de nossos corpos.”

Comida e bebida eram escassos na viagem, havendo dias em que os escravos não ingeriam absolutamente nada. “Houve um pobre companheiro que ficou tão desesperado pela sede que tentou apanhar a faca do homem que nos trazia água. Foi levado ao convés, e eu nunca mais soube o que lhe aconteceu. Suponho que tenha sido jogado ao mar”, conta Baquaqua.


Pernambuco foi o destino do navio que levava nosso personagem, que desembarcou em 1845. De início, foi levado para uma lavoura nos arredores de Olinda, onde conheceu a dureza da escravidão brasileira: “o fazendeiro tinha grande quantidade de escravos, e não demorou muito para que eu presenciasse ele empregando livremente seu chicote contra um rapaz. Essa cena causou-me uma impressão profunda, pois, é claro, imaginei que em breve seria o meu destino”.

Baquaqua tratou da violência do senhor, chamando-o de “tirano”. Trabalhando como padeiro, o escravo inicialmente prestava os serviços com dedicação, mas ao ver que seu “patrão” nunca ficava satisfeito, entregou-se às bebidas e evitou o serviço. Acabou revendido para outro comerciante, desta vez no Rio de Janeiro.

“Meus companheiros não eram tão constantes quanto eu, sendo muito dados à bebida e, por isso, eram menos rentáveis para o senhor. Aproveitei disso para procurar elevar-me em sua opinião, sendo muito prestativo e obediente, mas tudo em vão; fizesse o que fizesse, descobri que servia a um tirano e nada parecia satisfazê-lo. Então comecei a beber como os outros e, assim, éramos todos da mesma laia, mau senhor, maus escravos.”

Na capital do Império, devido aos seus conhecimentos de matemática e literatura, o escravo atuou dentro de um navio especializado no comércio de charque entre o Rio Grande do Sul e a Corte.

Mas foi uma encomenda de café para Nova York que mudou sua vida completamente. Naquela época, os estados do Norte dos Estados Unidos já tinham abolido a escravidão, fato que não passou despercebido por Baquaqua. “A primeira palavra que meus dois companheiros e eu aprendemos em inglês foi F-R-E-E (L-I-V-R-E); ela nos foi ensinada por um inglês a bordo e, oh!, quantas e quantas vezes eu a repeti.”

Baquaqua tentou fugir do navio ao desembarcar em Nova York, mas logo acabou preso. Com a ajuda de abolicionistas locais, o escravo conseguiu escapar da prisão e rumou para o Haiti. Ficou por lá durante dois anos, período em que se converteu ao cristianismo, ingressando na Igreja Batista Abolicionista. De volta aos Estados Unidos, em 1850, o já liberto africano frequentou aulas de inglês por três anos no Central College, numa localidade então conhecida como MacGrawville, hoje parte de Nova York.

RELATO SIMILAR AO DE FILME QUE GANHOU OSCAR

Mas foi em Detroit que Baquaqua publicou seu livro, numa tentativa de arrecadar fundos para a campanha abolicionista. A autobiografia – chave do seu engajamento na luta abolicionista (que o levou até mesmo à inglesa Liverpool, em 1857, último lugar onde se teve notícia de Baquaqua) – é contemporânea e guarda similaridade com a de Solomon Northup. Americano nascido livre e escravizado no Sul dos Estados Unidos, ele teve sua obra adaptada para o cinema em 2013, com o título “Doze anos de escravidão”. O filme americano venceu o Oscar em três categorias, inclusive a de melhor longa-metragem.

– O contexto em que o livro de Solomon Northup foi publicado é o mesmo do de Baquaqua. Abolicionistas incentivavam ex-escravos a escrever relatos do cativeiro e mobilizar a opinião pública. Nada melhor do que o próprio escravo para contar como era a escravidão – afirmou Véras, que também trabalha para lançar um site somente sobre o ex-escravo, reunindo vídeos, fotos e arquivos de época.

Essa fascinante história também virou tema de um pequeno documentário em 2012, produzido por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em parceria com professores da rede de ensino do estado. Paulo Alexandre, conhecido nacionalmente por reproduzir os principais acontecimentos da Segunda Guerra Mundial no Facebook, foi um dos que participaram da produção.

Segundo ele, o personagem pode ser trabalhado em sala de aula como uma história de superação e de luta contra os estereótipos em torno do escravo:

– Meus alunos ficam impressionados quando lhes conto sobre Baquaqua, pois todos tinham aquela velha ideia de escravo submisso, aquele indivíduo sem nome nem identidade, que só sabia apanhar e trabalhar. Ninguém imagina que ele poderia ser uma pessoa inteligente, empreendedora, que consegue a liberdade a partir do próprio esforço.

Assista abaixo às duas partes do documentário de 2012.



5 de junho de 2014

10 momentos que fazem valer a pena esperar 4 anos pela Copa do Mundo

Rafael Nardini, no blog Papo de Homem, listou dez motivos que nos lembram por que a Copa do Mundo de Futebol é tão apaixonante. 

Sem esquecer os absurdos cometidos para se realizar a competição no Brasil e com muito medo do que pode acontecer durante ou, pior, do que não pode funcionar, vamos relembrar de momentos muito interessantes da história das Copas.

Maradona ganha a Guerra das Malvinas
Talvez nenhum outro jogador tenha sido tão determinante para seu país na conquista de uma Copa do Mundo como Diego Maradona foi em 1986. A partida perfeita aconteceu frente o English Team. Dois gols: um antológico, partindo de trás do meio-campo e enfileirando adversários pelo caminho e outro o polêmico “La Mano de Dios”. Ao disputar a bola com o goleiro Peter Shilton, Dieguito enfia a mão na bola com a maior marra e cara de pau que podia esperar dele. O momento virou camisetas, músicas e até deu origem à uma igreja. Épico demais.


O menino Pelé assombra o mundo
Único vencedor de três Mundiais até aqui, o Rei mostrou seu cartão de visitas ao mundo jogando na Suécia, em 1958, ano da primeira conquista canarinho. Estreia frente aos soviéticos, o gol maravilhoso que eliminou o País de Gales nas quartas de final, um hat-trick contra o poderoso esquadrão francês e mais dois tentos na final, frente a equipe da dona da casa. Está bom ou quer mais?


Paolo Rossi ainda faz comerciais com a desgraça alheia
O camisa 20 italiano nunca foi craque. A seleção montada por Telê Santana, por outro lado, só tinha jogadores do maior quilate, como exemplifica a meia cancha que tinha Toninho Cerezo, Paulo Roberto Falcão, Sócrates e Zico. A exibição fantástica do matador italiano acabou com o sonho brasileiro, rendeu uma das imagens mais classudas da história – ainda que tremendamente triste para nós – e jogou nosso futebol nas trevas do “jogo de resultados” e do “o que vale é vencer”. Rossi até hoje fatura com a nossa derrota.


Haja coração, amigo
Uma das mais dramáticas partidas na história do futebol. No último segundo, o atacante uruguaio Luis Suarez bancou o goleirão, enfiou a mão na bola, em cima da linha fatal e evitou o gol que tiraria seu país do torneio. Acabou expulso, claro. Asamoah Gyan cobrou a penalidade na trave e a celeste olímpica teve a chance de seguir na prorrogação e disputar a vaga nos pênaltis. Vitória na raça, óbvio. Ah, a última cobrança penal foi feita pelo ex-botafoguense Loco Abreu. De cavadinha.


Guerra (nada) fria
Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental entraram em campo para medir suas forças na Copa de 1974. A ironia era os alemães acabaram jogando fora de casa mesmo estando dentro da Alemanha. Explico: na era da dualidade entre blocos socialista e capitalista, os orientais (alinhados ao Kremlin) atravessaram a fronteira para encarar o timaço ocidental que tinha Sepp Meier, Beckenbauer, Paul Breitner, Overath e Gerd Muller. Mesmo com tanta potência, quem saiu de campo como herói foi Jurgen Sparwasser, autor do gol que daria a vitória ao bloco da Cortina de Ferro. A ironia é o fato de Sparwasser ter fugido do país em 1988, quando disputava torneio de veteranos. Mas paira até hoje um jeito de marmelada no ar. Os alemães ocidentais teriam facilitado a partida para escapar de um grupo mais forte na segunda fase da competição, escapando de Holanda, Argentina e Brasil para encarar Polônia, Suécia e Iugoslávia.


Ser negão no Senegal deve ser legal
Campeões do mundo e da Europa, a seleção francesa, então sob a batuta de Zinedine Zidane, chegou à Ásia como franca favorita. A estreia parecia perfeita para um baile de gala. Os adversários seriam os senegaleses, estreantes em Copas. Escapada de Diouf pela esquerda, cruzamento rasteiro para Bouba Diop, que tenta duas vezes até marcar o gol. Um empate sem gols contra o Uruguai e uma nova derrota, dessa vez para a Dinamarca, e os Bleus voltariam para casa sem marcar nenhum gol.


Até com o braço quebrado
O alemão Franz Beckenbauer, o Kaiser, não precisava de muito para ser um mito em seu país natal, mas a opção por se manter em campo após deslocar a clavícula na semifinal da Copa do Mundo de 1970 ajuda bastante. Vencedor da Copa como jogador e treinador, o líbero classudo, por muitos considerado o melhor zagueiro da história, enfaixou o braço e seguiu na partida normalmente após a contusão. O esforço não foi suficiente, com os italianos vencendo, na raça, a prorrogação por 4 a 3. O formidável zagueiro paraguaio Gamarra repetiria o feito, também se negando a deixar a peleia contra a França, em 1998.


Eu não sei o que estou fazendo aqui
Um dos momentos mais absurdos da história da Copa do Mundo veio na primeira rodada do Mundial de 1974. O Brasil tinha uma falta para cobrar e a barreira do Zaire, primeiro representante da chamada “África Negra” na Copa, estava armada. Eis que Mwepa, num surto doido, corre em direção à bola e dá um bico. Os jogadores se entreolham e o juiz não vê outra alternativa a não ser dar o cartão amarelo para o atleta. Quarenta anos depois, o que se passou na cabeça de Mwepa segue uma completa incógnita.


Os gols que o Rei não fez
Um disparo de antes da linha central, um voleio maldoso na saída errada do goleiro e o maior drible que o mundo já viu. Apenas veja o vídeo e chore.


O Roger Milla é um cara massa
As zebras são inevitáveis nas Copas. Aguarde e teremos algum resultado absurdo neste ano também. A vitória camaronesa sobre a campeã Argentina, de Maradona e Canniggia, é daqueles momentos que nos lembram o porque o futebol é tão genialmente imprevisível. O estádio Giuseppe Meazza, em Milão, deve ser orgulhar de ter participado disso. Na partida seguinte, os Leões Indomáveis mantiveram a pegada, a alegria, a velocidade e Roger Milla, então com 38 anos, marcou dois tentos. A felicidade explodiu na sua comemoração. O simpático atacante correu até a bandeirinha de escanteio e mostrou ao mundo como é que se ginga de verdade.

2 de maio de 2014

Casablanca Videolocadora: Lançamentos da Semana e Mais locados de abril/2014











OS MAIS LOCADOS DE ABRIL/2014

01- Gravidade ... ficção
02- Frozen - Uma Aventura Congelante ... animação
03- Caminhando com os Dinossauros ... animação
04- Thor 2- O Mundo Sombrio ... Aventura/Ficção
05- Wolverine Imortal ... Ação
06- O Hobbit - A Desolação de Smaug ... Aventura/Ficção
07- Jogos Vorazes - Em Chamas ... Ação/Ficção
08- Capitão Phillipps ... Drama/Ação
09- A Vida Secreta de Walter Mitty ... Comédia
10- O Conselheiro do Crime ... Policial


3 de abril de 2014

Vídeos e foto mostram sucesso do Campo Mourão Basquete na Liga Ouro

Ainda repercutindo a incrível e emocionante vitória do Campo Mourão Basquete sobre o Rio Claro na última segunda-feira, que deu a vice-liderança da Liga Ouro ao nosso time, posto uma foto e dois vídeos que, por coincidência, foram feitos por funcionários da Coamo.

A foto, de autoria do Ilivaldo Duarte, é da partida contra o Sport Recife e mostra o exato momento em que bola arremessada pelo craque Rafael Castellon, num tiro livre, está 'curtindo' a redinha do ginasinho JK. Belo momento! Ilivaldo foi muito feliz no registro. Clique nela para ampliar

Campo Mourão Basquete e Sport Recife (foto: Ilivaldo Duarte)

Meu genro, Peterson Fell, filmou com seu celular os últimos segundos do tempo normal e mostra o melhor jogador paulista -- o cara que tinha virado o placar da partida, segundo opinião minha e do Getulinho -- errando uma bola incrível (presidente Nelsinho Martins, também funcionário da Coamo, disse que a força da torcida mourãoense tirou essa bola de dentro da cesta). O lance foi tão rápido e nervoso que mesmo estando bem próximo daquele garrafão fiquei com a impressão tinha entrado, mas o tempo tinha se esgotado antes do arremesso. Peterson me corrigiu e afirmou que o autor da filmagem é Cleverson Dias Nunes, também funcionário da cooperativa mourãoense.



O vídeo abaixo é do Bruno Maciel e foi postado no Facebook. Ele mostra os últimos momentos da prorrogação:


28 de fevereiro de 2014

Dalva de Oliveira - "Máscara Negra e Bandeira Branca"

Bandeira Branca e Máscara Negra sempre foras as minhas marchinhas preferidas. Me animava ainda mais quando elas eram tocadas no salão do Clube 10.

'Minha' Elvira tem um Arlequim e uma Colombina e sempre que minhas netas brincam (quando a vó deixa, claro!) eu canto uns trechos da letra de Máscara Negra. Acho lindo e triste ao mesmo tempo. 

Encontrei dois vídeos com a Dalva de Oliveira cantando as músicas.





Vicentina de Paula Oliveira, conhecida como Dalva de Oliveira, (Rio Claro, 5/05/1917 — Rio de Janeiro, 30/08/1972) foi uma cantora brasileira.

20 de novembro de 2013

Desvendado o comercial da Volvo com o Van Damme

Do Scriptease

Quem não pirou vendo o comercial que a Volvo soltou esse mês onde o Van Damme aparece abrindo o seu famoso espacate frontal, que ele já demonstrou inúmeras vezes como em filmes como “O grande Dragão Branco”, se você não viu, veja o filme que explico depois:


Agora veja o vídeo abaixo e entenda como foi feito toda essa artimanha:

29 de julho de 2013

A comovente reação de um gato ao rever seu dono após 6 meses de viagem

Estamos sempre vendo vídeos de cães descontrolados dom o retorno para casa de seus donos, principalmente em vídeos que mostram americanos voltando da guerra. Agora, de lá dos EUA também, tem esse vídeo mostrando a incrível reação de uma gato ao ver a volta de seu dono após seis meses fora de casa. Vejam:


Comparem com a reação dos cães na compilação abaixo:

21 de junho de 2013

Canal 100: Mané Garrincha, por Nelson Rodrigues

Esta semana me peguei assoviando a música tema do Canal 100 (que bonito é... ), que era um programa, tipo um trailer, que sempre passava nos cinemas brasileiros antecedendo o filme do dia, lááááááá nos ano 1970.

Especializado em cobrir futebol, principalmente aqueles disputados no Maracanã, o Canal 100 tinha uma narrador no melhor estilo carioca, caprichando nos ssssssss, e mostrava o jogo como nunca tinha se visto, em ângulos que só aquelas enormes tela podiam mostrar. Numa época em que a maioria das televisões eram em preto e branco, no máximo de 21 polegadas e que, mesmo assim, pesavam 'quase uma tonelada'. Dia de filme sem Canal 100 não era a mesma coisa. 

Fui pesquisar um vídeo para mostrar nesta sexta-feira e acabei encontrando esse abaixo, que mostra um pouco da história de Mané Garrincha num texto emocionante e preciso do jornalista Nelson Rodrigues. Vale a pena assistir.



Abaixo, um vídeo com a música "Na Cadência do Samba", de Waldir Calmon.

22 de maio de 2013

Mãe de família comprova que Bolsa Família não dá nem para comprar uma calça de R$ 300,00



Que coisa feia em Governo Federal. Mais de 8 anos pagando os mesmos R$134,00 a uma mãe de família. Não sabe que as crianças crescem, viram adolescentes e ganham novas necessidades? Tem ideia de quanto custa uma calça jeans de marca? Um tênis Nike? Um perfume importado? 

Ainda bem que o Lula é contra tudo isso:


(via: Sedentário e Hiperativo)

28 de dezembro de 2012

Os melhores gols de 2012


A TV Golo, de Portugal, listou os 10 melhores gols do ano. Será que faltou algum? Amigo corintiano diz que faltaram os dois do Guerrero em campos japoneses. hehe

5 de outubro de 2012

Casablanca Videolocadora: Lançamentos da Semana e mais locados de setembro/2012







OS MAIS LOCADOS DE SETEMBRO/2012

1º - Os Vingadores ... ação
2º - O Corvo ... suspense/policial
3º - Jogos Vorazes - Em Chamas ... ação/ficção
4º - Plano De Fuga ... ação
5º - Contrabando ... ação
6º - Protegendo O Inimigo ... ação
7º - O Código ... ação
8º - MIB 3 - Homens de Preto 3 ... ficção
9º - Fúria De Titãs 2 ação/ficção
10º - Diario De Um Jornalista Bêbado ... drama
11º - American Pie: O Reencontro ... comédia
12º - O Lorax Em Busca Da Trúfula Perdida ... animação
13º - Anjos Da Noite - O Despertar ... suspense
14º - E Aí...Comeu? ... comédia nacional
15º - As Idades do Amor
16º - Headhunters ... ação/suspense
17º - Jogos do Crime ... suspense
18º - Espelho, Espelho Meu ... aventura/comédia
19º - Operação Sofia ...ação/suspense
20º - Assassinos de Aluguel ... ação/policial



30 de maio de 2012

Os melhores do American Idol - 11ª edição

Semana passada terminou a 11ª edição do American Idol. Phillip Phillips foi o grande vencedor. Ele realmente é muito talentoso. Assista abaixo, ele interpretando "Volcano" do Damien Rice. 



O meu favorito era Joshua Ledet, que acabou em terceiro lugar. Abaixo, mostro ele cantando It's a Man's Man's Man's World de James Brown.



Jessica Sanches, de apenas 16 anos, ficou em segundo. Aqui, ela interpreta And I Am Telling You I'm Not Going, de Jennifer Holliday.