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27 de novembro de 2015

No Japão, alunos limpam até banheiro da escola para aprender a valorizar patrimônio

Ajudar na limpeza ensina estudantes a terem responsabilidades e consciência social
Enquanto no Brasil escolas que "obrigam" alunos a ajudar na limpeza das salas são denunciadas por pais e levantam debate sobre abuso, no Japão, atividades como varrer e passar pano no chão, lavar o banheiro e servir a merenda fazem parte da rotina escolar dos estudantes do ensino fundamental ao médio.

"Na escola, o aluno não estuda apenas as matérias, mas aprende também a cuidar do que é público e a ser um cidadão mais consciente", explica o professor Toshinori Saito. "Ninguém reclama porque sempre foi assim."

Nas escolas japonesas também não existem refeitórios. Os estudantes comem na própria sala de aula e são eles mesmos que organizam tudo e servem os colegas.

Depois da merenda, é hora de limpar a escola. Os alunos são divididos em grupos, e cada um é responsável por lavar o que foi usado na refeição e pela limpeza da sala de aula, dos corredores, das escadas e dos banheiros num sistema de rodízio coordenado pelos professores.

Reunidos em grupos, alunos se revezam nas tarefas
"Também ajudei a cuidar da escola, assim como meus pais e avós, e nos sentimos felizes ao receber a tarefa, porque estamos ganhando uma responsabilidade", diz Saito.

Michie Afuso, presidente da ABC Japan, organização sem fins lucrativos que ajuda na integração de estrangeiros e japoneses, diz ainda que a obrigação faz com que as crianças entendam a importância de se limpar o que sujou.

Um reflexo disso pôde ser visto durante a Copa do Mundo no Brasil, quando a torcida japonesa chamou atenção por limpar as arquibancadas durante os jogos e também nas ruas das cidades japonesas, que são conhecidas mundialmente por sua limpeza quase sempre impecável.

"Isso mostra o nível de organização do povo japonês, que aprende desde pequeno a cuidar de um patrimônio público que será útil para as próximas gerações", opina.

Michie Afuso, da ONG ABC Japan, sugere intercâmbio educacional entre Brasil e Japão
Para que os estrangeiros e seus filhos entendam como funcionam as tradições na escola japonesa, muitas prefeituras contratam auxiliares bilíngues. A brasileira Emilia Mie Tamada, de 57 anos, trabalha na província de Nara há 15 e atua como voluntária há mais de 20.

"Neste período, não me lembro de nenhum pai que tenha questionado a participação do filho na limpeza da escola", conta ela.

Michie Afuso diz que, aos olhos de quem não é do país, o sistema educacional japonês pode parecer rígido, "mas educação é um assunto levado muito à sério pelos japoneses", defende.

Prática é aplicada nas escolas japonesas há várias gerações
Recentemente no Brasil, um vídeo no qual uma estudante agride a diretora da escola por ela ter lhe confiscado o telefone celular se tornou viral na internet e abriu uma série de discussões sobre violência na escola.

Outros casos de agressão contra professores foram destaques de jornais pelo Brasil nos últimos meses, como da diretora que foi alvo de socos e golpes de caneta em Sergipe e da professora do Rio Grande do Sul que foi espancada por uma aluna e seus familiares durante uma festa junina.

No Japão, este tipo de abuso dentro da escola é raro. "Desde os tempos antigos, escola e professores são respeitados. Os alunos aprendem a cultivar o sentimento de amor e agradecimento à escola", diz Emilia.

Educadores explicam que, desta forma, estudantes aprendem a 'limpar o que sujaram'
No ano passado, durante as eleições, a BBC Brasil publicou uma série de reportagens sobre a violência de alunos contra professores no Brasil. As matérias revelaram casos de professores que chegaram a tentar suicídio após agressões consecutivas e apontaram algumas das soluções encontradas por colégios públicos para conter a violência – da militarização à disseminação de uma cultura de paz entre escolas e comunidade.

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que ouviu mais de 100 mil professores e diretores de escola em 34 países, o Brasil ocupa o topo de um ranking de violência em escolas – 12,5% dos professores ouvidos disseram ser vítimas de agressões verbais ou intimidação pelo menos uma vez por semana.

"Assim como o Brasil tem um programa de intercâmbio com a polícia japonesa, poderíamos ter um na área educacional", propõe Michie, da ABC Japan, ao se referir ao sistema de policiamento comunitário do Japão que foi implantado em algumas cidades do Brasil.

A brasileira lembra que a celebração dos 120 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Japão seria uma ótima oportunidade para incrementar o intercâmbio na área social e não apenas na comercial.

"Dessa forma, os professores poderiam levar algumas ideias do sistema de ensino japonês para melhorar as escolas no Brasil", sugere Michie.

Os próprios alunos servem a merenda escolar aos colegas 

29 de outubro de 2014

VÍDEO: Gato vira guia de cão cego


Os animais estão sempre a dar lições aos seres humanos. Já vimos milhares de exemplos onde eles demonstram amizade e solidariedade com outros animais, o que muitas vezes faz falta a todos nós.
Um vídeo produzido pela Nat Geo Wild mostra todo o poder da amizade e cooperação entre um gato e um cão idoso.


O cão, da raça lavrador, sofreu agressões quando pequeno e agora, com 14 anos de idade, sofre de surdez parcial e cegueira. Essas dificuldades fizeram com que o cão passasse toda a sua vida em sua cesta.

O cão Tervel teve a felicidade de encontrar em sua vida o gato Pudditat. A amizade transformou a vida dos dois. O cão se movimenta à vontade pois o felino lhe mostra o caminho e está sempre por perto para ajudar o amigo.

24 de junho de 2014

Estrangeiros listam dez exemplos que o Brasil poderia exportar

Nesses dias de Copa do Mundo, em que parece que o "Complexo de Vira-lata" fica mais evidente [ quando o assunto não é a Seleção Brasileira ] e a maioria dos brasileiros se sentem inferiores aos gringos, publico reportagem do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, que mostra como somos admirados por hábitos tão simples que nem nos damos conta como somos especiais. Especiais e muitas vezes melhores do que todos.

Hábitos tipicamente brasileiros poderiam ser exemplo no Exterior

Os hábitos de higiene dos brasileiros 
estão entre os itens lembrados pelos estrangeiros
Foto: Gilmar Fraga, Arte ZH
Quais são os hábitos brasileiros que os estrangeiros gostariam de ver em seus países? Com base nessa pergunta, surgiu esta reportagem, numa proposta similar à dos “Dez exemplos que o Brasil deveria importar”, publicada em 28 de março de 2010. Os exemplos a seguir foram selecionados a partir de entrevistas com mais de 40 pessoas, que visitaram, moraram ou estão no Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul.

Vale lembrar, é claro, que nenhum dos hábitos é unanimidade entre os viajantes de diferentes países – assim, uma prática pode ser exemplo para uns e não para outros. Tudo depende das experiências de cada entrevistado.

Algumas práticas citadas, inclusive, podem causar um enorme estranhamento, uma vez que nós não as imaginamos como exemplares – como o depoimento de uma grega, que gosta do trânsito daqui, por se buzinar muito menos do que em Atenas. Os aspectos mais lembrados estão ligados ao otimismo, riso fácil e afetividade observados no país. 

– Os brasileiros, de modo geral, são alegres. Gosto do modo como encaram os problemas, sempre de bom humor – afirma Elaine de La Sierna, 22 anos, administradora, nascida em Cochabamba, na Bolívia. – O brasileiro é afetuoso, cordial, gosta do riso, do contato humano, mas isso é difícil de exportar – afirma o músico uruguaio Saul Garber, 57 anos.

1 - Festas
As festas no Brasil podem até começar mais tarde, mas com certeza duram mais. Em países da Europa e América do Norte, há leis contra vender bebidas alcoólicas depois de determinado horário. Há bares que abrem a partir das 2h, por exemplo, mas esses são bem mais caros.

–Eu adoro o horário das festas no Brasil, em que se volta para casa às 6h ou 7h da manhã. Na Grã-Bretanha, os pubs fecham às 23h ou 24h. Todos bebem o máximo possível até esse horário e ficam bêbados demais – comenta Harriet Francis, 32 anos, advogada.

– Achamos ótimo não ter que se apressar para beber até as 22h45min, como nos pubs britânicos. A única maneira de continuar a noite é ir a uma boate, onde as bebidas são mais caras e muitas vezes se cobra pela entrada – observa Christine Gaylarde, aposentada, 65 anos. 

2 - Abraço
O abraço entre amigos ou até desconhecidos foi lembrado por muitos estrangeiros, dos mais diversos países. 

– É muito comum esse hábito no Brasil. Tem o abraço entre homens e o abraço mais carinhoso, com as mulheres. Na França, é muito raro, talvez apenas entre a família. Gostei disso. Pode parecer insignificante, mas muda bastante as relações entre as pessoas, seja entre familiares, amigos ou desconhecidos. Quando voltei para a França, abracei meu pai, e ele estranhou – diz Boris Pravda-Starov, 25 anos, estudante, que morou em Porto Alegre.

– O abraço é muito bom. Ele pode melhorar as relações entres as pessoas. Os chineses não costumam demonstrar emoções, especialmente no que se refere à linguagem corporal: ninguém se abraça nem aperta a mão. É uma grande diferença – comenta Liu Da, estudante chinês, chamado de Miguel no Brasil.

3 - Atendimento
Um dos pontos em que houve mais discórdia entre os entrevistados foi o atendimento ao cliente. Britânicos e franceses, por exemplo, não gostam de ser abordados por atendentes em lojas ou supermercados. 

Entretanto, o italiano Alessandro Andreini, 40 anos, conta que uma das frases que mais gostou de ouvir em toda a sua vida foi “Você encontrou tudo o que procurava?”, dita pelo caixa do supermercado. Franco Luis Scandolo, 26 anos, argentino que morou na Itália, também ressaltou esse exemplo.

– O atendimento é um ponto forte do Brasil e se destaca pelo profissionalismo e cordialidade – opina ele.

4 - Jeitinho brasileiro
O tão comentado jeitinho brasileiro não fica de fora dessa lista. Latino-americanos, europeus e um sul-africano ressaltaram o lado bom dessa característica. 

– Os brasileiros sempre acreditam que há um caminho para se fazer alguma coisa, e isso os leva adiante – aponta Werner Trieloff, 29 anos, contador sul-africano.

– Quando meus pais me visitaram no Brasil, pude perceber melhor como os europeus realmente se estressam quando algo dá errado. Já os brasileiros ficam tranquilos – conta a estudante Ana González, 22 anos, da Espanha.

O filósofo americano Allan Taylor, 26 anos, resume:

– O jeitinho brasileiro explica o sucesso de quase todo brasileiro no Exterior. A improvisação é a grande arte do brasileiro. Na música, por exemplo, como no chorinho ou no samba, há muito espaço para improvisar. Acho que é por isso que o americano não sabe dançar samba nem jogar futebol.

5 - Compartilhar bebidas
Outro costume do Brasil que poderia ser exportado é o hábito de compartilhar bebidas.

– Compartilhar a cerveja, a caipirinha ou o chimarrão diz muito sobre a generosidade do brasileiro. No início, eu tive dificuldade de me acostumar a isso. O guatemalteco se serve no copo e gruda a mão nele até beber tudo – relata Martin de León McMannis, 22 anos.

Na primeira vez em que veio ao Brasil, a francesa Mathilde le Tourneur du Breuil, 32 anos, passou por um constrangimento por não conhecer esse costume:

– Eu estava com uma amiga francesa e nos deram um copo de caipirinha, numa festa. Nós pensávamos que era só para nós. Muito tempo depois percebemos que era para todos – lembra a professora de francês, hoje moradora de Porto Alegre.

– É um hábito bem legal, que funciona tanto com a cerveja, comprada para todos, quanto com o chimarrão – acrescenta ela.

6 - Estrangeiros são bem tratados no Brasil
A alemã Katharina Ockert, 25 anos, estuda na Unisinos. Apaixonada pelo Brasil, “apesar da grande pobreza e criminalidade”, e fã de vários costumes nacionais, ela avalia que os estrangeiros são bem tratados aqui e que os brasileiros esbanjam disposição na hora de ajudar:

– Lembro uma vez em que eu estava no centro, procurando um banco para retirar dinheiro e pedi informações para uma mulher na rua. Pensei que ela talvez poderia me explicar o caminho, mas ela pegou minha mão e me levou até dentro do banco! Fiquei muito feliz de receber uma ajuda tão legal.

A francesa Clémentine Athanasiadis, 19 anos, ressalta a importância dessa característica:

– Todos foram muito receptivos desde que eu cheguei à PUCRS. Isso é muito importante para os estrangeiros, porque nos sentimos um pouco perdidos no começo. As pessoas sempre me dão informações. Com um sorriso no rosto.

7 - Higiene
Os hábitos de higiene dos indígenas surpreenderam os europeus quando chegaram ao Brasil. Não se pode dizer que ainda se toma banho como os nativos do Brasil faziam naquela época, mas essa característica é uma das 10 coisas da qual Graham Gertz-Romach, britânico casado com uma gaúcha, que viveu por 21 anos no Brasil, sente saudades:

– Os brasileiros são muito limpos. Você não encontra tantos americanos ou pessoas do norte da Europa que tomem um banho por dia e escovem os dentes depois de cada refeição.

A francesa Nathalie Touratier, 25 anos, também percebeu isso:

– Eu fiquei surpresa ao ver todos os meus colegas de trabalho escovarem os dentes depois do almoço. É um hábito muito legal. Os franceses, quando estão no trabalho, geralmente mascam chicletes depois do almoço.

8 - Exercícios
Algo impressionante para estrangeiros das Américas e da África do Sul é a prática de exercícios físicos e o cuidado com a boa forma. Mas só é exemplo se não for excessivo, comenta Matthew Bender, 30 anos, tradutor, morador de Porto Alegre há cinco anos:

– A qualquer hora da noite ou do dia, você vê pessoas caminhando, correndo, jogando bola ou andando de bicicleta. Os brasileiros são muito ativos nos esportes, seja em busca de saúde, seja em busca de beleza.

A estudante Elia Arévalo, 24 anos, da Nicarágua, concorda:

– Acho ótimo quando fecham ruas para as pessoas se exercitarem nos finais de semana. Essa inquietude de se exercitar precisa ser exportada para vários países da América Latina.

O boliviano Mauricio Uriona considera que “o culto ao corpo” algo bom, não importa se por motivos estéticos ou de saúde: 

– No meu país as pessoas não cuidam de seus corpos.

9 - Carona
O engenheiro francês Manuel Gourmand, 24 anos, não teve dúvidas ao dizer qual é seu costume brasileiro preferido: o de dar (e receber) carona. A prática pode ser planejada por telefone ou mesmo nos bares ou restaurantes, quando se oferece uma carona inclusive para alguém que acabou de se conhecer.

– É uma coisa tão simples, e que, no entanto, não vi pela Europa. Lá cada um pega seu carro, e quem não tem carro, vai a pé. Mesmo se as pessoas vão para lugares muito próximos – explica Gourmand, que atualmente está em Passo Fundo.

– Na Europa isso não ocorre lá nem entre colegas. Ninguém pensa nessa possibilidade.

10 - Almoço
O almoço como principal refeição do dia é um exemplo para um britânico, um holandês e uma neozelandesa.

– Meu país poderia se beneficiar desse hábito. Os kiwis (neozelandeses) tendem a engolir um sanduíche à mesa do trabalho, e ter uma refeição pesada à noite. Mas um jantar mais leve é muito mais saudável – comenta Victoria Joy Winter, 28 anos, analista de marketing e moradora de Porto Alegre.

Um sanduíche no almoço e um lauto jantar também é algo comum na Holanda.

– Aqui é bom porque geralmente se come algo aquecido no almoço. Eu também gosto do bufê a quilo e rodízio – diz o estudante Marnix van.

28 de fevereiro de 2013

Cães nadam em lago à procura de dono que morreu afogado há 10 dias

Casal de labradores volta ao local duas vezes por dia para procurar pelo seu dono, que morreu afogado na lagoa em Araçatuba, no interior de São Paulo

Dois cães labradores procuram há dez dias pelo seu dono que morreu afogado numa lagoa de Araçatuba (SP). O casal de cães volta ao lago duas vezes por dia para nadar justamente na região onde seu dono, o vigilante Luís de Almeida, 46 anos, morreu afogado em 17 de fevereiro. Ao saírem da água, eles farejam o local onde Almeida foi colocado deitado após ser resgatado, já sem vida, pelos amigos.
A história de Max e Lua ganhou as redes sociais e fez os internautas se lembrarem do cão Hashiko, que ficou conhecido no Japão no início do século ao esperar pelo seu dono numa estação de trem. A história foi retratada no filme "Sempre Ao Seu Lado", lançado no País em 2009.

O lago fica a 500 metros da chácara onde Almeida e a família costumavam passar os fins de semana, no bairro Traitu, periferia de Araçatuba. "Temos a chácara há oito anos e nunca meu marido tinha ido nadar nessa lagoa", diz a cabeleireira Analiete Almeida. "Os cães também nunca tinham ido até lá, com exceção daquele domingo em que meu marido os levou para o lago para se divertir com dois amigos depois de um churrasco", diz.

Segundo ela, dois dias após a morte de Almeida, os cães abriram um buraco no alambrado de proteção da chácara para chegarem ao lago. "Eles vão lá de manhã e à tarde e ficam nadando e procurando meu marido", diz. Segundo Analiete, quem notou a mudança do comportamento dos animais foi a vizinha da chácara, Edmaura de Souza, que mora nas proximidades e fotografou os cães e postou as fotos nas redes sociais.

"Eu me surpreendi com eles e vi que eles estavam bem tristes e procurando por alguma coisa no lago e aqui na margem", contou Edmaura. "Ao ver que faziam isso todos os dias, percebi que eles nadavam na região do lago onde o dono deles se afogou e que ficavam parte do tempo cheirando o local onde o dono foi deixado depois de ser resgatado", completa.

Nesta quarta-feira, Analiete levou os cães para a casa da família, na cidade, com medo de que os animais fossem furtados depois de aparecer nas redes sociais. "A gente vem de manhã e à tarde na chácara trazer comida e cuidar deles, mas eles estavam ficando sozinhos à noite", diz. Segundo ela, os animais não estão se alimentando bem e estão tristes. "Eles têm os olhos baixos e aparentam muita tristeza", diz. Por isso, a ideia de trazê-los para a cidade é tentar que, com mais gente por perto brincando com eles, os animais possam voltar com o comportamento à normalidade.

Segundo Analiete, os cães foram adotados de uma família que se mudou de Araçatuba e não tinha como levá-los. "Eles estão com a gente há quatro meses, mas para mim e meus filhos parece que faz mais tempo", diz Analiete. (Via: Estadão)

22 de fevereiro de 2013

Não basta ser pai...




"Sanduícharte", criação do designer, ilustrador e pai David Laferriere. Desde 2008, ele cria e fotografa um desenho diferente no saco que embala o lanche que seus filhos levam à escola. "Cada desenho leva de 5 a 7 minutos, menos tempo que para fazer o lanche", disse ele ao site Gizmodo. As fotos dos desenhos estão no Flickr do artista.



Publicado no UOL Notícias. Dica do André Peterson Fell

3 de agosto de 2012

Acredite: o proprietário e motorista desse fusquinha é o presidente de um país — o Uruguai


Da Coluna do Ricardo Setti

Amigos, diante de tantos exemplos de vidão à custa do dinheiro público que temos “neste país”, achei interessante o contraponto trazido pelo jornalista gaúcho Mario Marcos de Souza em seu blog, mostrando aquele que o jornal espanhol El Mundo considera “o presidente mais pobre do mundo” — José “Pepe” Mujica, chefe de governo do Uruguai desde março de 2010 e que permanecerá no poder até março de 2015.


Confiram. O título original é o que vai abaixo, os intertítulos e algumas considerações entre colchetes são de responsabilidade do blog:

Quem está a bordo deste fusquinha é o presidente de um país
O presidente do Uruguai, José Mujica, desce de seu Fusca, que vale mil dólares
Todos os dias ele embarca no seu Fusquinha azul de estimação, de 1.300 cilindradas (foto), e toma o rumo de seu pequeno sítio Rincón del Cerro, nos arredores de Montevidéu, onde vive com a mulher, senadora da República – que é a proprietária da área. A casa é discretamente vigiada por dois seguranças.

No fim do mês, quando recebe o salário de 12,5 mil dólares como presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica separa 1,25 mil [para si] e doa o restante, cerca de 90%, a pequenas empresas e Organizações Não-Governamentais que trabalham com habitações populares.

– Este dinheiro me basta, e tem que bastar porque há outros uruguaios que vivem com menos – costuma repetir este uruguaio de maneiras simples, 77 anos, que, em reportagem do jornal espanhol El Mundo, foi chamado de “o presidente mais pobre do mundo”.

Além de sua casa no pequeno sítio, seu único patrimômio é o Fusca avaliado em pouco mais de mil dólares.


Vida espantosamente simples
Como transporte oficial, em vez dos carrões com ar-condicionado dos demais presidentes, ele usa um Corsa. Sua mulher, a senadora Lúcia Topolansky, parceira de muitos anos, também doa boa parte de seu salário.

O presidente da República na casa em que vive, no sítio pertencente à mulher (Foto: estadao.com.br)
Mujica vive de forma espantosamente simples, apesar de presidir um dos países mais importantes da América do Sul, nunca usa gravata (é quase sempre uma camisa branca com casaco) e convive com os mesmos amigos de antes da eleição que o conduziu ao poder.

É capaz de pegar o Fusca, ir até uma loja de ferragem comprar um acessório de banheiro e, no caminho, parar em um pequeno estádio para animar os jogadores do Huracán, time da segunda divisão, e prometer um churrasco caso subam para a Série A.

Ele não tem dívidas nem conta em banco
Sem contas bancárias ou dívidas, de acordo com El Mundo, ele apenas repete que espera concluir seu mandato para um descanso sossegado no Rincón del Cerro.

A vida simples não é mera figuração ou tentativa de construir uma imagem, seguindo orientações de um marqueteiro. Não, ela faz parte da própria formação de Mujica, um homem que lutou contra a ditadura, foi preso e, ao lado de dezenas de [guerrilheiros e terroristas] Tupamaros, participou de uma fuga cinematográfica da antiga prisão onde hoje está o Centro Comercial Punta Carretas, em Pocitos, lutou pela volta da democracia e hoje é presidente eleito do país.

Tudo isso sem abrir mão de suas convicções, em nenhum momento – a ponto de rejeitar a ideia de mudança de sua vida por ser o chefe de uma nação. [Mujica, que continua se considerando um político de esquerda, defende e pratica ideias que em outras latitudes são desprezadas "neoliberais". Em outubro de 2010, o presidente concedeu uma entrevista às Páginas Amarelas de VEJA em que expôs suas posições, muito distantes do marxismo que defendia nos tempos de juventude.

Uma de suas declarações fala por si: “A estatização é uma solução que foi abandonada. Trata-se de uma receita perfeita para desenvolver uma burocracia opressora. Continuo sendo socialista porque sou inimigo da exploração do homem pelo homem. Isso não inclui defender um Estado grande e um funcionalismo público inchado. Seria um desastre”.

Quanto a querer controlar a imprensa, como ocorre com outros governos supostamente "progressistas" do continente, o presidente não poderia ser mais claro:

“Quando um governo se mostra mais tolerante à diversidade, acaba ajudando a formar uma imprensa respeitosa. Quando radicaliza nas suas políticas, no entanto, vai tudo pro diabo. (…) A melhor lei de imprensa que existe é a que não existe”.]

A residência presidencial já serviu de abrigo a uma moradora de rua e seu filho. O presidente prefere não morar na mansão (Foto: ultimahoradiario.com.ar)
No último dia 24 de maio, por ordem de Mujica, uma moradora de rua e seu filho foram instalados na residência presidencial, que ele não ocupa por seguir morando no sítio. Ela só saiu de lá quando surgiu vaga em uma instituição.

Neste início de inverno, a casa e o Palácio Suarez y Reyes, onde só acontecem reuniões de governo, foram disponibilizadas por Mujica para servir de abrigo a quem não tem um teto. Em julho do ano passado, decidiu vender a residência de veraneio do governo, em Punta del Este, por 2,7 milhões de dólares. O banco estatal República comprou e transformará a casa em local de escritórios e espaço cultural. Quando ao dinheiro, será inteiramente investido – por ordem de Mujica, claro – na construção de moradias populares, além de financiar uma escola agrária na própria região do balneário.

Nada de carros blindados
Ele nem se preocupa em reforçar seus esquemas de segurança e, ao circular no Fusca ou em um Corsa, claramente não está a bordo de veículos blindados.

Nem sei se é certo ou não alguém, no papel de um país, com toda a importância que o cargo tem e nestes tempos loucos ditados muitas vezes por fanatismo, levar a vida de uma pessoa comum.

Até acho que não. Afinal, um presidente não pode conduzir sua própria vida. Há milhões de pessoas que deram a ele o direito de dirigir um país e esperam não ver nada abalando esta tarefa – e é por isso que de Barack Obama, num extremo, a Dilma Rousseff, no outro, todos os presidentes são devidamente protegidos por fortes esquemas de segurança. Ao ser eleito, o escolhido faz uma espécie de renúncia pública de sua autonomia – e sabe que não terá mais tanta liberdade assim.

O que me causa profunda admiração no caso de Mujica, independentemente das razões destacadas acima, é ver alguém que se recusa a renunciar a suas próprias convicções, mesmo desafiando todas as regras do protocolo. Ele pensa nestes princípios, lutou a vida inteira por eles, arriscou sua segurança e de sua própria família, por que mudar logo agora?

Foi eleito por isso, certamente, por suas ideias e estilo de vida. Dane-se a liturgia do cargo, deve pensar este uruguaio. Para Mujica, ela não tem importância. O que importa, acima de tudo, é dormir com a consciência tranquila (…).

O mundo seria um lugar bem melhor e, com toda a certeza, muito mais pacífico se tivéssemos outros Mujicas conduzindo países por aí. (enviada pelo Ilton Jardim de Carvalho - Curitiba)