16 de março de 2018

Respeito, homens! Um desabafo da minha Sarah Carolina

Sarah com a filha Fernanda
O texto abaixo foi escrito pela minha primogênita, Sarah, a primeira, de três, que me fez enxergar o mundo de uma forma diferente (ainda tenho muito a aprender e hoje ela me ensinou uma nova lição). 
Nele, ela narra um episódio lamentável ocorrido nesta sexta-feira, quando teve a infelicidade de topar com um ser que ainda vive na pré-história [se bem que naquela época não existiam covardes. Morriam todos novinhos] e mostra sua grandeza desejando, com respeito, mais leveza aos homens. MINHA FILHA!


Ainda ontem, apesar de estar sempre à par da violência que acontece não só no mundo, mas também em minha cidade e no meu bairro, existia em mim a sensação de proteção, de estar de certa forma “longe” dessa realidade.

Hoje pela manhã, no caminho para o trabalho, recebi uma cantada de um homem comum, um trabalhador, um possível pai de família. Até aí, nada de extraordinário – não que eu receba muitas cantadas, de forma alguma! – porém, ao não ser correspondido, aquele homem aparentemente “normal”, em um piscar de olhos, se transformou em um agressor descontrolado, me agredindo verbalmente aos berros, pelo simples fato de não ter correspondido.

Ele não tinha percebido que meu marido estava no carro, perto de mim, e quando meu marido se revelou, o covarde pôs-se a andar novamente, para uma direção inversa à minha, para o meu alívio. 
Receber um bom dia meio “açucarado”, por assim dizer, faz parte do dia-a-dia da maioria das mulheres (eu acho!), o que nos mantém sempre antenadas no quão assediadas as mulheres são, seja assim, meio de leve – um sorriso aqui, um bom dia cantado ali -, entretanto, um episódio como o de hoje, faz a gente sentir a violência na pele, um atentando à paz, à segurança, ao direito de escolha, do direito de não corresponder.

O quão uma pessoa pode se sentir abusada - ainda que apenas verbalmente -, e o peso que isso representa só ela sabe e somente ela. Me veio à tona o quanto nós mulheres somos (ou sou!) frágeis e desprotegidas – ainda que por fora sejamos (ou sou!) duronas, alheias a bobagens!  

Em meio a tantas lutas, tantas bandeiras erguidas em defesa de direitos, respeito e igualdade, o que nos passa essa sensação de que estamos à um passo de conquistar mudanças há muito necessárias, uma pedra no sapato – como a de hoje – me faz perceber que ainda há muito à conquistar, ainda à muito pelo que lutar. Não apenas por mim, mas por todas as Larissas, Marinas, Fernandas, Anas e Elviras - o mundo está cheio delas, graças à Deus. 

Humanidade e respeito deve ser ensinado POR todos os humanos e PARA todos os humanos, homens e mulheres, dentro de casa, na escola, no ambiente de trabalho, porque só assim, o mundo será um lugar mais justo, mais acolhedor, para todos nós, homens e mulheres. 

Com respeito e por mais leveza, Sarah Carolina! Cabeça erguida!

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