4 de novembro de 2015

Trabalho “animal”

Como funcionam as empresas que dão espaço a funcionários de quatro patas (e sem currículo!)

Há alguns anos, na cidade de Greensboro, na Carolina do Norte, Estados Unidos, 580 funcionários de uma empresa foram objeto de um estudo realizado pela Universidade de Virginia Commonwealth. Desse total, 550 eram humanos. Os outros 30? Cachorros. Durante uma semana os cientistas compararam os empregados que levavam seus cães para o local de trabalho com os que não levavam e ao final concluíram: as pessoas se tornam mais criativas e produtivas ao lado de um animal, resultado baseado na diminuição dos níveis de estresse.

Depois de ler um artigo sobre os benefícios da presença de animais no ambiente de trabalho, José Luis Pano, presidente da Cerâmica Portinari, em Criciúma, Santa Catarina, decidiu: “Vamos comprar um cachorro!”

A ideia parecia ótima, mas, ao ouvir a intenção do chefe, a secretária da diretoria Nilda Rosso, que é voluntária em uma ONG que resgata animais de rua, logo propôs: “Comprar, não, vamos adotar!” E assim, Nilda saiu em busca do animalzinho ideal. “Quando o presidente concordou, corri atrás de um cachorro que fosse perfeito para nós e, ao ver o Mark, sabia que tinha encontrado. Um animal dócil e afetuoso que só precisava de cuidados e carinho”, explica.

Mark foi adotado em 2014 e hoje está totalmente integrado ao dia a dia da empresa. “O Mark é funcionário e tem crachá. Seu posto de trabalho é no departamento de desenvolvimento de produtos, mas ele circula por todos os ambientes e nos revezamos para cuidar dele”, conta Nilda. O animal tem uma tabela de horários para as refeições e um local apropriado para fazer as necessidades. Nos fins de semana, quando a empresa fecha, há um rodízio entre os funcionários para levá-lo para casa. Nilda afirma que a presença de Mark ajuda a superar as situações de tensão. “Ter o Mark por perto é um respiro. Ele é responsável por muitos momentos de descontração, importantes em meio à correria da rotina de trabalho.”

Segundo Maíra Andrade Madeira, psicóloga organizacional e do trabalho do Núcleo Integrado de Desenvolvimento Humano (NIDH), por proporcionar benefícios como controle de impulsos e da ansiedade e estimular a liberação de hormônios que ajudam no relaxamento do corpo, o convívio com animais é benéfico no ambiente de trabalho. “A empresa pode melhorar seus resultados no âmbito organizacional, pois a probabilidade de ter um colaborador estressado diminui bastante”, explica. A psicóloga, no entanto, faz algumas ressalvas: “Antes de tudo é preciso conhecer os colaboradores e saber como eles receberiam o animal no ambiente de trabalho. Em um grupo diversificado, pode haver pessoas com medo de bichos, por exemplo. Além disso, é preciso que os animais sejam ‘adaptáveis’ ao convívio com estranhos e que as regras de convivência sejam claras.” [ Seleções ]

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